Quem acompanhou a novela Império, que terminou no mês passado, sabe que o Elivaldo, irmão da protagonista Cristina (papel de Leandra Leal), não era nada galã. Ao contrário: um cara sofrido, camelô, pai, apaixonado pela ex. Ser ator é isso. Disfarçar toda a lindeza e se tornar um moço franzino. Pois neste ensaio você verá que Rafael Losso, intérprete do personagem, não tem nada de Elivaldo. É grande, seguro, sorridente e bonito. Rafael é muso desde a adolescência. E nunca tinha ficado assim, nu de tudo, na frente de uma câmera. Quando chegou para a sessão de fotos, disse estar um pouco inseguro.
“Tirar foto me dá medo. Ainda mais quando é para contar a minha história, e não a de um personagem”, explicou. Aparentemente, o medo passou logo: muito à vontade, Rafael tirou a roupa toda e decidiu não colocar mais, até o último clique.
O ator estuda teatro desde sempre. É formado pela Escola Superior de Artes Célia Helena, em São Paulo, onde nasceu e tem um apartamento. Os trabalhos começaram cedo. Ainda antes de poder ser considerado completamente adulto, Rafael contracenou com a atriz Susana Alves (que ficou famosa como a Tiazinha, personagem da TV que enlouqueceu os homens no início dos anos 2000) em um curta-metragem. Quando exibiu para os amigos durante uma festinha em casa, antes de terminar a sessão ouviu um grito: “Cara! O Losso pegou a Tiazinha! É ídolo da nossa geração!”. Em tempo: ele diz que “pegou” apenas em cena mesmo. Beijo técnico.
Com cara de menino, o ator de 33 anos se mudou aos 28 para o Rio de Janeiro, de olho na Rede Globo. Cursou a famosa oficina de atores da emissora e os amigos tinham certeza de que em breve o veriam em Malhação. Mas seu plano era arriscar voos mais altos. E, então, um dia anunciou: “Estou no elenco do próximo filme do Walter Salles”. O filme era Linha de passe, produção de 2008 (que rendeu a Sandra Corveloni o prêmio de melhor atriz em Cannes). Assim, começou a voar, e não foi pelo caminho mais óbvio. Em pouco tempo, estava de volta ao cinema, no elenco de Salve geral, de Sérgio Rezende, e depois fez a série policial 9mm, da FOX. Nesta, foi escalado para fazer apenas uma participação na primeira temporada, mas impressionou tanto que voltou como personagem fixo da segunda.
“Tirar foto me dá medo. Ainda mais quando é para contar a minha história, e não a de um personagem”
Antes de entrar na Globo, Rafael trabalhou muito nos palcos. Em 2008, esteve na peça A coleira de Bóris, no circuito alternativo dos teatros da praça Roosevelt, em São Paulo. Além disso, se graduou em montagens de Shakespeare: esteve em Sonho de uma noite de verão, Ricardo III e Hamlet, na premiada montagem com Thiago Lacerda, em 2012. Em paralelo, também começou a dirigir atores para a montagem de um texto seu, projeto que entrou em stand by por conta do trabalho na TV.
Sua mãe sente um mix de orgulho e remorso quando o vê na Globo. Orgulho porque ele entrou ali por mérito próprio (primeiro em O astro, novela de 2011; depois, em Império). O remorso fica por conta de ela não ter acreditado desde o começo. “Acho que ela pensa que me fez perder muito tempo na carreira. Ela tinha medo que não desse certo”, diz ele.
Rafael cresceu na zona sul de São Paulo e tinha uma banda na época da escola. Típico cara para o qual a maioria das garotas “paga pau”, é descrito por amigos como gentil, amoroso e divertido. É apegado aos amigos e à família, sempre sorridente.
No Rio de Janeiro, ele mora na Barra da Tijuca. Tem gostado da vida carioca, de poder ir sempre à praia, correr na orla, jogar bola com amigos e sair à noite. Mas confessa: “Estar no Rio, longe da família e dos amigos, me fez gostar ainda mais de curtir a minha casa quando volto para São Paulo”.
Apesar do tempo que passa fora, ainda divide um apartamento na Vila Madalena com um dos seus melhores amigos. Ainda é lá que os corintianos se reúnem sempre que possível para ver o time em campo. Foi assim na Copa, quando os mais fanáticos por futebol estavam realmente preocupados com os resultados dos jogos e não com a festa que rolava na rua.
Rafael já foi casado, mas agora está solteiro. Dizem que causa frisson no Rio. A turma de São Paulo sente falta do dia a dia em grupo, da banda de punk, das rodas de violão, das sessões de Imagem e Ação (em que ele é craque), das partidas de xadrez.
Quando os caras estiverem com esta revista nas mãos, é bem possível que venham berros do tipo: “Cara, o Losso tá pagando de gatinho peladão!”. Pura inveja.
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