O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso mais uma vez se coloca na contra-mão da história e do bom-senso.

Referindo-se aos movimentos anti-Dilma, onde 63 por cento dos brasileiros apoiam abertura de inquérito contra a presidente, FHC disse que um partido não pode pedir impeachment antes de ter um fato concreto.

Contrariando sua própria legenda, o PSDB, que já encomendou parecer ao jurista Miguel Reale Junior, Fernando Henrique, disse que o pedido não faz sentido enquanto não houver decisões de tribunais ou provas concretas de irregularidades cometidas pela presidente.

Mas, na semana passada, o Tribunal de Contas da União concluiu que o Tesouro Nacional realmente atrasou o repasse de 40 bilhões em recursos para o Banco do Brasil e a Caixa Econômica , gerando as chamadas "pedaladas fiscais'. Em outras palavras, o Governo tomou empréstimos dos bancos públicos - o que é ilegal - para pagar suas contas e fechar o ano artificialmente no azul.

A fraude fiscal pode ser o passaporte para o impeachment, já que implica em crime de responsabilidade, neste caso, um ato contra a lei orçamentária.

Além disso, não é necessária uma decisão judicial para se começar o processo de impeachment. O instituto é político, não jurídico, e depende apenas de indícios ou suspeitas de crime de responsabilidade para acontecer, e prescinde de decisões judiciais.

Como lembrou o senador Cássio Cunha Lima, há também embasamento político para o impeachment, que foi demonstrado nas ruas de todo país com milhões pedindo o afastamento de Dilma por suspeita de corrupção.

Ao excesso de cautela do ex presidente FHC em defender abertamente o impeachment, eu dou outro nome: covardia.
A mesma covardia que fez o PSDB, principal partido de oposição recuar enquanto o Mensalão pegava fogo.
Os tucanos se apequenaram enquanto o Brasil assistia estarrecido àquele que era considerado o maior escândalo de corrupção do país. Mas, FHC preferiu esperar Lula e o PT sangrarem no Planalto e não moveu uma palha para destituir o poderoso chefão do poder.

A raposa petista não só safou-se da ação penal 470, como elegeu e reelegeu sua criatura, Dilma Roussef, feita a imagem e semelhança de Lula.

Se tivesse cumprido com competência seu papel de oposição, talvez o Mensalão não tivesse evoluído para Petrolão. E os brasileiros não estariam comendo, a contra gosto, o pão que o PT amassou.