Dois estudantes de Londrina disseram, ao Ministério Público no Paraná, que foram agredidos por policiais dentro da sede do governo estadual. Eles participaram da manifestação de professores que a polícia reprimiu com bombas, na semana passada. Os policiais acusados pelos estudantes ainda não foram identificados.
A estudante universitária de Londrina prefere não se identificar. Ela participou da manifestação de professores na quarta-feira (29), que acabou reprimida pela polícia com spray de pimenta e balas de borracha. Os manifestantes queriam acompanhar a votação que alterou o sistema de previdência dos servidores estaduais. A estudante conta que foi detida por duas policiais e levada para dentro do Palácio Iguaçu, sede do governo do Paraná.
“Me deixaram nua e me revistaram assim, não colocaram a mão em mim, mas fizeram eu ficar totalmente nua, de mão para a parede, me xingando, me insultando. Pisaram na minha roupa, para ver se não tinha nada. Foi desproporcional o que aconteceu", conta a estudante.
Um outro estudante, também de Londrina, diz que passou pela mesma situação. Ele afirma que os policiais estavam à paisana.
“Só consegui reconhecer depois que fui carregado até dentro do Palácio Iguaçu passando pelo cordão de policiais que estavam em volta. Eu fui carregado pelo pescoço. Chegando lá a gente foi ofendido diversas vezes. A gente tentava o tempo todo tentar descobrir do porquê a gente tava sendo detido”, diz o estudante, que não quis ser identificado.
Os estudantes prestaram depoimento a um promotor de Justiça.
“Nós até agora não pudemos verificar que eles tivessem participado dessa manifestação ocorrida em Curitiba de forma violenta, pelo contrário, eles foram acuados e foram vítimas de uma ação policial que é o que consta realmente que ela ultrapassou os limites da normalidade, que deve nortear as ações policiais”, afirma Paulo Tavares, promotor de Justiça/Londrina.
A assessoria do governador Beto Richa, do PSDB, divulgou nota e disse que qualquer conduta indevida dos policiais, ocorrida durante a ação no dia 29 de abril, será apurada em inquérito policial, com o acompanhamento do Ministério Público do Paraná.
O governo estadual tem afirmado que um grupo infiltrado entre os manifestantes começou o tumulto da semana passada.
O Ministério Público, que já estava investigando a ação da polícia no dia dos protestos, vai apurar as denúncias de agressão contra os estudantes. As manifestações também provocaram a segunda baixa no governo. Depois do secretário de Educação, esta quinta-feira (7) foi a vez do comandante geral da PM deixar o cargo.
O governador Beto Richa ordenou a abertura imediata de uma investigação sobre o caso.
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