Duzentas e quarenta e duas mortes, mais de 600 feridos. Dois anos e quatro meses depois, apenas dois dos dezesseis acusados da tragédia na Boate Kiss, em Santa Maria, Rio Grande do Sul, foram condenados - por prevaricação e falsidade ideológica. São eles: o tenente-coronel da reserva, Moisés Fuchs e o Capitão Alex da Rocha Camillo.
Outros seis bombeiros foram absolvidos das acusações pela Justiça Militar, o que gerou revolta nos parentes das vítimas, cuja sensação é de impunidade, apesar das penas.
Graças aos réus, a boate teve alvarás e planos de prevenção contra incêndio liberados, licenças forjadas para que a casa pudesse funcionar apesar de todas as irregularidades que apresentava e dos evidentes riscos aos frequentadores.
Os bombeiros, que poderiam ter impedido a tragédia, fizeram vista grossa na vistoria. Sua negligência custou a vida de mais de duzentos e quarenta jovens e a felicidade de seus pais e familiares.
Não há nada que restitua esse bem, mas o mínimo que as famílias mereciam era a sensação de justiça feita. O que não ocorreu.
Os condenados ainda devem recorrer da decisão, e os culpados poderão permanecer impunes por mais um bom tempo.
Uma série de erros primários, de negligências evitáveis levou ao cadafalso centenas de inocentes. A boate era uma verdadeira armadilha. Havia apenas uma porta de saída. O revestimento acústico era feito de material facilmente inflamável e os extintores de incêndio não funcionavam. Obstáculos pela casa de espetáculos impediam a evacuação do local, que também não tinha sinalização de emergência adequada.
Na noite da tragédia, o público da boate estava acima da capacidade máxima e, para fechar a cadeia de acontecimentos, o vocalista grupo Gurizada Fandangueira, que se apresentava no local, acendeu um sinalizador no palco que deu início ao incêndio.
Na fatídica Boate Kiss, tudo conspirava contra a vida dos jovens de Santa Maria.
Fonte : Rachel Sheherazade
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